Passar a trabalhar por conta própria é uma profunda mudança, com implicações no nosso Ser. Sim, o modo como nos vemos a nós próprias muda, as preocupações ganham uma direcção diferente, mas abrimos uma porta. O mundo das possibilidades é vasto e merecemos dar-nos uma, dez ou mil oportunidades, as que quisermos. Perguntam-me constantemente pela questão prática - a financeira, leia-se - "como é o fim do mês?". Isso só a mim diz respeito, mas sim, vivo com essa incerteza, ninguém disse que seria fácil. Contudo, deixei para trás as queixas diárias relativas ao mundo onde anteriormente pertencia. Deixei de me sentir sempre cansada. A minha energia mudou com esta decisão.
A motivação para a mudança não foi o trabalho em si, fui eu própria, que queria ser mais Eu. Passei a encarar o trabalho como algo que eu construo, uma criação minha. E eu quero construir coisas lindas para mim, para a minha família e para os meus amigos. Por isso preciso de tempo e de passar por esta viagem interior, ao desconhecido, ao incerto, mas onde sou eu, umas vezes acordando cheia de bravura de manhã, outras mais amedrontada. Mas este medo, é um medo de não aproveitar o caminho que escolhi, não é um medo dos outros, de julgamentos alheios ou de não ser suficientemente boa. E aprender a lidar com todas estas novas experiências, está a ajudar-me a aprender a lidar com as minhas próprias emoções. A vida não está num livro de receitas. Os ingredientes andam por aí, por vezes vamos nós ter com eles, outras eles esbarram em nós. A vida é feita de escolhas, que são, afinal, os ingredientes para as nossas receitas. E (bolas!), podemos fazer coisas únicas e deliciosas. Inspirem, expirem, inspirem-se.
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