Não foi sem pensar que deixei um emprego seguro para me dedicar a abrir caminho como trabalhadora independente. A escassez de tempo para me dedicar ao que realmente importa, obrigou-me a encarar de frente a frustração que sentia há alguns anos, mas que se tornou gritante desde que fui mãe. Sem tempo para o Yoga, para a praia ou para uma conversa ao telefone com a melhor amiga sem interrupções a cada 10 segundos, sem tempo para brincar com o meu pimpolho, porque os dias tornam-se passadeiras rolantes guiadas por relógios que marcam o compasso. Há que sair de casa a tempo, chegar à escolinha a tempo, apanhar o comboio a tempo para não chegar atrasada ao escritório para onde (socorro!) já não quero ir há muito tempo... Há que sair a correr e apanhar o comboio de volta para ir buscar o pimpolho, entrar no carro e enfrentar o transito, porque há que dar banho a tempo para jantar a tempo de reservar um bocadinho para brincar, antes de o deitar a tempo de dormir pelo menos 9 horinhas.... Mas porque estou eu a berrar com o mais inocente dos seres que não tem culpa da minha correria e não quer comer a sopa? Porque não consigo meditar agora que arranjei estes 20 minutos de intervalo a seguir ao almoço e quero mesmo (nem que seja à força!), limpar a mente e relaxar? Porque não consigo dar atenção ao meu marido que fez uma pergunta simples sobre um assunto qualquer? Porquê e porquê? Porque assim, não estou a viver para mim. Então, há que arranjar coragem e mudar de vida. Eu mereço.
A razão para mudar de vida
Atualizado: 4 de set. de 2019
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